sexta-feira, 18 de março de 2011

Lost e a transmidia

Antes de “Lost”, nenhum seriado havia criado tamanha comunhão entre os fãs. Ou melhor: não havia dado tanta visibilidade. Além de a internet possibilitar o acesso ao seriado, também aproximou seus espectadores, dando voz a eles. Ao usar a web como plataforma para divulgar e compartilhar especulações sobre a trama, os fãs aceitaram participar de uma espécie de jogo.

O último capítulo da série, “The End”, com duas horas e meia de duração, será exibido hoje no canal a cabo “AXN”. Fã que é fã com certeza deu um jeito de assistir na noite de domingo, quando a série foi exibida nos Estados Unidos, e foi exibida via streaming, links disponibilizados por fãs quase em tempo real. Mas, para esse pessoal, o último capítulo não foi necessariamente o fim.

Com “Lost”, surgiram diversos sites e blogs em que fãs conversam, constroem teorias, discutem ideias e trocam informações. Também há discussões sofisticadas e herméticas sobre o seriado, outras bastante inventivas, e algumas até delirantes.

A grande presença de comentários e discussões prova a atração criada entre os fãs. Para completar, surgiram iniciativas como a enciclopédia sobre a série, Lostpedia, e o LostMaps, um mapa do Google Maps que aponta a localização dos acontecimentos.

“Os produtores incentivam a circulação de informações na internet e identificaram um movimento característico de aficionados por universos ficcionais: são os espectadores que não medem esforços para aprender mais sobre a história pela qual são apaixonados. Assim, foram criadas narrativas para além da televisão, e os fãs mais dedicados foram atrás dessas informações”, diz Maíra Bianchini.

Formada em jornalismo com a monografia “Através do Espelho – Aprofundamento do Universo Ficcional de Lost por Meio da Narrativa Transmidiática”, Maíra agora aprofunda o estudo no mestrado em comunicação midiática. Em seu trabalho, desenvolve o conceito de narrativa transmidiática de “Lost”, que, basicamente, dá conta do que o seriado gerou fora da trama.

Mas não foi somente na internet que “Lost” conquistou seu grande poder de alcance. O seriado se desdobrou em produtos como livros, jogos, episódios para celular, entre outros: “Tal experiência ainda está restrita a um grupo de espectadores envolvidos ativamente com a história, mas, aos poucos, outros seriados e filmes estão investindo na ideia, e cada vez mais pessoas ficam sabendo dessas expansões narrativas. Sem dúvidas, ‘Lost’ é uma importante influência nesse processo.”

A narrativa transmidiática virou uma experiência bem-sucedida não só pelo investimento dos produtores, mas também pelo engajamento dos fãs. Com todas essas estratégias, “Lost” manteve os fãs envolvidos ao longo dos seus seis anos e, especialmente, nos intervalos entre uma temporada e outra.”

Esse envolvimento que “Lost” permitiu que as pessoas tivessem com a série fez com que alguns pesquisadores afirmassem que a relação dos fãs com ela era muito mais de participação do que de simples consumo”, aponta a pesquisadora Ana Bandeira.

Lost

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